Como psiquiatra da infância e adolescência, sei que o diagnóstico de autismo pode gerar muitas dúvidas e angústias para os pais. Por isso, preparei este artigo para te ajudar a entender melhor o autismo, seus sinais, como é feito o diagnóstico, as possíveis causas e as opções de tratamento disponíveis.
É importante frisar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se manifesta de formas diferentes em cada criança. Algumas apresentam mais dificuldades na comunicação, outras na interação social, e algumas podem ter comportamentos repetitivos mais evidentes. No entanto, alguns sinais podem ser observados desde os primeiros meses de vida.
Sinais de alerta
Bebês
— Pouco contato visual: O bebê não olha nos olhos dos pais ou cuidadores, mesmo durante a amamentação ou quando estão conversando com ele.
— Não responde ao nome: O bebê não se vira ou não demonstra reação quando é chamado pelo nome.
— Não imita: O bebê não imita gestos ou expressões faciais dos pais ou cuidadores.
— Não demonstra interesse por outras pessoas: O bebê prefere ficar sozinho e não interage com outras pessoas, mesmo com os pais.
— Atraso no desenvolvimento da fala: O bebê não balbucia, não fala palavras simples como “mamãe” e “papai” e não se comunica através de gestos.
Crianças pequenas
— Dificuldade em se comunicar: A criança tem dificuldade em se expressar, não consegue formar frases simples e não compreende o que os outros falam.
— Dificuldade em interagir socialmente: A criança não se interessa por outras crianças, não sabe como brincar junto e prefere brincar sozinha.
— Comportamentos repetitivos: A criança apresenta movimentos repetitivos, como balançar o corpo, bater as mãos ou girar objetos.
— Interesses restritos: A criança tem um interesse obsessivo por um determinado objeto ou tema e não se interessa por outras coisas.
— Irritabilidade: A criança fica irritada com facilidade, tem crises de choro frequentes e não lida bem com mudanças na rotina.
Crianças maiores e adolescentes
— Dificuldade em fazer amigos: A criança tem dificuldade em se relacionar com outras crianças, é excluída do grupo e se sente sozinha.
— Dificuldade em expressar sentimentos: A criança não consegue falar sobre seus sentimentos, tem dificuldade em entender as emoções dos outros e não demonstra empatia.
— Dificuldade em lidar com mudanças: A criança se sente desconfortável com mudanças na rotina, como um novo professor, um passeio ou uma viagem.
— Ansiedade e depressão: A criança pode apresentar sinais de ansiedade, como preocupações excessivas, medos irracionais e crises de pânico, ou depressão, como tristeza persistente, desânimo e falta de interesse em atividades que antes gostava.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do autismo é feito por uma equipe multidisciplinar, composta por neuropediatra, psiquiatra infantil, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. A equipe irá avaliar o comportamento da criança, suas habilidades de comunicação e interação social, e seu desenvolvimento motor e cognitivo.
Não existe um exame laboratorial que confirme o diagnóstico de autismo. O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na observação dos sintomas e no histórico da criança.
Quais são as causas do autismo?
As causas do autismo ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Como é o tratamento?
O tratamento do autismo é multidisciplinar e individualizado, ou seja, leva em consideração as necessidades específicas de cada criança. As abordagens terapêuticas mais comuns incluem:
— Terapia comportamental: Ajuda a criança a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e de enfrentamento, além de reduzir comportamentos repetitivos e estereotipados.
— Terapia da fala: Auxilia a criança a aprimorar a comunicação verbal e não verbal, compreender a linguagem e a se expressar de forma mais eficaz.
— Terapia ocupacional: Auxilia a criança a desenvolver habilidades motoras finas e grossas, coordenação e independência em atividades do dia a dia.
— Intervenções psicoeducacionais: Oferecem aos pais e cuidadores informações sobre o autismo, estratégias de manejo e suporte emocional.
— Medicamentos: Em alguns casos, podem ser utilizados para tratar comorbidades associadas ao autismo, como ansiedade, depressão ou hiperatividade.
O que mais você precisa saber
— O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem fazer toda a diferença no desenvolvimento da criança com autismo.
— O autismo não é uma doença, mas sim um modo diferente de ser e de interagir com o mundo.
— A criança com autismo tem o direito de ser respeitada, aceita e incluída na sociedade.
Como posso te ajudar?
Sou psiquiatra da infância e adolescência e tenho experiência no diagnóstico e tratamento de crianças com autismo. Posso te ajudar a entender o que está acontecendo com seu filho, tirar suas dúvidas e te oferecer o suporte necessário.